Nossa história é marcada pela eliminação simbólica ou física do ”outro” .Os processos de negação na maioria das vezes,ocorrem no plano das representações e do imaginário social quando estabelecemos os conceitos do que é ser belo,ser mulher ou até mesmo o que é ser brasileiro.Ao tratar a questão da diversidade cultural, Anete Abramowiez (2006) diz que todo brasileiro vive uma situação no mínimo, inusitada. De um lado, há o discurso de que nós somos um povo único, fruto de um intenso processo de miscigenação e mestiçagem, que gerou uma nação singular com indivíduos culturalmente diversificados. De outro, vivenciamos em nossas relações cotidianas inúmeras práticas preconceituosas, discriminatórias e racistas em relação a alguns segmentos da população, como, as mulheres, os indígenas e os afro-descendentes.
Os estudos de Ana Célia da Silva (2005) mostram que apesar da diversidade cultural registrados nos documentos oficiais, os bancos escolares são freqüentados por alunos de diferentes origens étnico-raciais e gênero, os conteúdos programáticos dos livros didáticos e dos currículos escolares apresentam ainda como padrão o homem, branco heterossexual.
No intuito de refletirmos sobre possibilidade de ação pedagógica para tratar da diversidade cultural na educação escolar questionamos:como trabalhar os conceitos de gênero,raça,e etnia na sala de aula,com propósito de valorizar as múltiplas identidades constituinte no ambiente escolar?
Ana Cecília Silva (2005 ) afirma que nos livros didáticos,nos currículos escolares e nas falas dos professores,ainda há uma invisibilidade ou visibilidade subalterna de diversos grupos sociais como os negros,os indígenas e as mulheres.
Falar sobre diversidade não pode ser só um exercício de perceber os diferentes, de tolerar o “outro”. Antes de tolerar, respeitar e admitir a diferença é preciso explicar como essa diferença é produzido e quais são jogos de poder estabelecido por ela. Como nos alerta Tomaz Tadeu da Silva (2000), a diversidade biológica pode ser um produto da natureza, mas o mesmo não pode dizer sobre a diversidade cultural, pois, de acordo com o autor, a diversidade não é um ponto de origem, ela é em vez disso um processo conduzido pelas relações de poderes constitutivos da sociedade que estabelece “outro” diferente do “eu” e “eu” diferente do “outro” como uma forma de exclusão e marginalização.
Os professores e professoras que percebem em sua ação pedagógica como os conceitos de gênero, raça e etnia são socialmente construídos e discursivamente usados para marginalizar o “outro” estarão, de fato, contribuindo para a constituição de uma diversidade cultural que não seja apenas tolerante, mas que perceba que “eu” e o “outro” temos os mesmos direitos e devemos ter a mesma representatividade, tanto nos conteúdos escolares quanto nas instituições sociais. Os conceitos de gênero, raça e etnia ao serem trabalhados em sala de aula em uma perspectiva da valorização da(s) identidade(s) dos múltiplos sujeitos que convivem no mesmo espaço da escola devem ter um posicionamento político, a fim de desconstruir os estereótipos e os estigmas que foram atribuídos historicamente à alguns grupos sociais.
Atualmente, o conceito de raça quando aplicado a humanidade causa inúmeras polêmicas porque a área biológica comprovou que as diferenças genéticas entre os seres humanos são mínimas, por isso não se admite mais que a humanidade é constituída por raças. O termo raça usado nesse contexto, segundo Petronilha Beatriz Silva (BRASIL, 2004),tem uma conotação política e é utilizado com freqüência nas relações sociais brasileiras, para informar como determinadas características físicas, como cor da pele, tipo de cabelo, entre outras, influenciam, interferem e até mesmo determina o destino e o lugar social dos sujeitos no interior da sociedade brasileira.
Na educação escolar,trabalhar na perspectiva da diversidade cultural significa uma ação pedagógica que vai alem do reconhecimento de que os alunos sentados nas cadeiras de uma sala de aula são diferentes por ter suas características individuais e pertencerem a um social,mas é preciso efetivar uma pedagogia da valorização das diferenças.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
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